Não basta falar bem: como a linguagem corporal pode impulsionar as suas angariações

Na angariação imobiliária, o sucesso raramente depende apenas do que se diz. Depende, acima de tudo, de como se diz. A primeira impressão conta, e muito.

O proprietário está a avaliar o seu profissionalismo não só pelas palavras que ouve, mas pela forma como as transmite: o tom de voz, a postura, o olhar, os gestos, a presença.

Esta ideia é apoiada por um dos estudos mais citados no campo da comunicação interpessoal. O psicólogo Albert Mehrabian demonstrou que, em interações onde estão em causa sentimentos ou atitudes — como acontece frequentemente na angariação —, apenas 7% da mensagem é transmitida pelas palavras. Os restantes 93% dividem-se entre o tom de voz (38%) e a linguagem corporal (55%).

Ou seja, pode ter o melhor argumento do mundo, mas se a sua linguagem não verbal não inspirar confiança, o proprietário dificilmente irá confiar-lhe a venda do imóvel — muito menos em regime de exclusividade.

Neste artigo, reunimos técnicas práticas de linguagem corporal pensadas especificamente para o momento da angariação. Pequenos ajustes que podem fazer uma grande diferença na forma como é percebido e, consequentemente, nos resultados que alcança.

Postura firme e aberta: autoridade sem arrogância

Logo no primeiro contacto presencial – seja à porta de casa, num café ou no escritório – a sua postura define o tom da interação. Uma postura firme (tronco erguido, ombros alinhados, braços soltos) transmite autoridade, profissionalismo e segurança.

Evite cruzar os braços, inclinar-se para trás ou parecer rígido. A chave é parecer seguro, mas acessível. Ou seja, transmita que é um profissional que domina o processo, mas que não se impõe.

O poder do sorriso (verdadeiro)

Um sorriso genuíno é uma das ferramentas mais eficazes para criar empatia. Funciona como um “abrir de portas” emocional, especialmente em contextos onde o proprietário pode estar desconfiado ou saturado de abordagens.

Sorrir naturalmente (sem exageros) transmite abertura, cordialidade e respeito. Além disso, ajuda a criar um ambiente mais descontraído e aumenta a probabilidade de o outro lado se mostrar receptivo à proposta.


Sorrir não é só uma técnica de comunicação, é também reflexo do estado interior.

Se quiser refletir mais sobre o tema, o episódio 8 “Happiness at Work” do podcast Let’s Get Real Estate é a escolha ideal!


Contacto visual: equilíbrio entre firmeza e empatia

O contacto visual é uma ferramenta poderosa para comunicar confiança e envolvimento. Por isso, durante a conversa com o proprietário, olhar nos olhos demonstra é fulcral, pois revela que está presente, atento e seguro daquilo que está a propor.

No entanto, o equilíbrio é essencial: o olhar deve ser firme, mas não invasivo. Evite encarar fixamente ou desviar constantemente. Isto porque ambos os extremos geram desconforto.

Gestos estratégicos: comunicar com clareza e intenção

Quando explica o seu plano de ação, os gestos podem ser grandes aliados. Acompanhar o discurso com gestos claros (por exemplo, mostrar com as mãos os passos do processo de venda) reforça a compreensão e transmite segurança.

Gestos abertos e calmos ajudam a tornar a comunicação mais visual e credível. Já os movimentos bruscos, repetitivos ou demasiado teatrais desviam o foco e diminuem a perceção de profissionalismo.

Espelhamento subtil: criar sintonia com o proprietário

O espelhamento é uma técnica simples e eficaz para criar empatia. Trata-se de ajustar subtilmente a sua postura, ritmo e energia à do proprietário.

Se ele estiver mais reservado, fale de forma mais pausada. Se estiver entusiasmado, acompanhe esse ritmo. Espelhar ligeiramente a linguagem corporal do outro cria uma sensação inconsciente de alinhamento e compreensão.

Domínio do espaço: respeitar o território emocional

Durante uma angariação, especialmente quando acontece em casa do proprietário, é fundamental demonstrar respeito pelo espaço, seja ele físico ou emocional.

Evite movimentar-se pela casa sem convite ou apontar diretamente para objetos e divisões. Mantenha uma distância confortável e evite gestos que possam parecer invasivos. Mesmo quando a angariação decorre fora do imóvel, é importante respeitar o espaço pessoal do interlocutor.

Evitar sinais de impaciência: o detalhe que arruína angariações

No momento da angariação, o tempo é precioso, mas demonstrar pressa pode custar-lhe o imóvel.

A linguagem corporal revela impaciência de forma subtil: olhar repetidamente para o relógio, manusear o telemóvel, bater com os dedos na mesa ou mudar de posição de forma inquieta são sinais que o proprietário capta, mesmo inconscientemente.

Estas atitudes transmitem desinteresse, pressão ou falta de disponibilidade e são especialmente graves quando o proprietário está a partilhar dúvidas ou preocupações pessoais.

Na angariação, não é apenas a proposta que convence, é a presença. Os proprietários não decidem com base apenas em argumentos racionais, mas também na forma como se sentem durante a interação. É por isso que a linguagem corporal não deve ser deixada ao acaso, porque influencia diretamente a perceção de confiança, competência e empatia.

Pequenos ajustes no olhar, na postura ou no tom de voz podem ser o que distingue um profissional comum de alguém que conquista exclusividades com naturalidade.

Em última análise, mais do que vender um serviço, está a criar uma relação. E essa relação começa, quase sempre, sem palavras.